PT FICOU MENOR E GOVERNO AGORA
PRECISA DO APOIO DOS NANICOS
Em 2015, o PT ainda será a maior bancada na
Câmara, mas perdeu 18 deputados em relação à sua atual composição. Com isso, a presidente Dilma
Rousseff assumirá o mandato no ano que vem com uma base menor na Câmara dos
Deputados. Serão 70 deputados em 2015 contra os 88 atuais. Os nove partidos que
estão na chapa que elegeu Dilma Rousseff (PT, PMDB, PSD, PP, PR, Pros, PDT,
PCdoB e PRB) elegeram 304 deputados, 36 a menos do que na eleição passada.
Com a
diminuição do PT e dos aliados, a presidente ficará mais dependente dos outros
partidos para conseguir os votos necessários para aprovar seus projetos. O
apoio dos deputados é ainda mais relevante porque é na Câmara dos Deputados que
se iniciam os debates de projetos de autoria do governo federal. Também caberá
à Câmara discutir propostas relacionadas à reforma política, tema considerado
prioritário no discurso feito por Dilma após a vitória neste domingo.
Antes
mesmo de divulgados os resultados das urnas, alguns deputados da base já
cobravam mudanças na relação entre a presidente Dilma Rousseff e o Congresso.
O
deputado Luciano Castro (PR-RR) cobrou a reconstrução das relações com os
partidos. “A base diminuiu um pouco, então será necessário um pouco mais de
cuidado e a formação de alianças que deem sustentação ao governo”, disse.
O PR
está na chapa de Dilma, mas ameaçou retirar o seu apoio antes do começo da
campanha. O líder do partido, deputado Bernardo Santana de Vasconcellos (MG),
chegou a liderar um movimento para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva substituísse Dilma Rousseff no pleito.
O apoio
integral dos 66 deputados eleitos pelo PMDB também deverá ser negociado, já que
o segundo maior partido da Casa ficou dividido entre Dilma e Aécio durante a
eleição. O racha ficou evidente na convenção da legenda, em que 42% foram
contrários à aliança.
O líder
do PT, deputado Vicentinho (SP), reconheceu que será necessário avaliar onde o
partido falhou e onde precisa melhorar para obter mais entendimento no
Congresso Nacional. Ele reclamou, no entanto, que o Congresso ficou mais
conservador. “Será necessária uma boa conversa com os partidos da base aliada e
também com os novos partidos”, disse.
Outros
líderes petistas, no entanto, dizem que as relações com o Congresso a partir do
ano que vem não serão muito diferentes do que o praticado nestes quatro anos. O
líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS), afirmou que as mudanças só
virão se for aprovada uma reforma política.
“As
relações vão continuar sendo muito semelhantes às de hoje, temos um sistema
político que precisa ser alterado, que está gerando uma pulverização muito
grande de partidos, o que dificulta a governabilidade de qualquer presidente”,
disse Fontana.
A
cientista política Débora Messenberg, professora da Universidade de Brasília
(UnB), afirmou que a Câmara dos Deputados estará, em 2015, mais fragmentada e
menos experiente. Ela lembrou que, dos 513 deputados eleitos, 198 são novatos
na Casa. “A experiência parlamentar faz diferença na atuação de cada deputado”,
afirmou.
Débora
Messenberg disse ainda que, em seu novo mandato, a presidente Dilma terá que
negociar mais para conseguir aprovar projetos na Casa, que terá um perfil mais
conservador. Ela afirmou que 48% dos deputados eleitos estão alinhados mais à
direita, 26% à esquerda e 25% no centro. “Isso vai exigir mais negociação”,
declarou.
Para a
líder do PCdoB, deputada Jandira Feghali (RJ), a pressão da militância e da
sociedade civil será fundamental para contornar a guinada à direita do
Congresso, fato que lamentou. “Espero que a gente consiga manter o povo
mobilizado porque, infelizmente, o Congresso que vem é mais conservador.”
Oposição ressalta divisão do País
Os líderes oposicionistas chamaram atenção para o resultado apertado das urnas, que indica uma divisão do País. Para o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), isso aumenta a responsabilidade dos partidos contrários ao governo. Ele afirmou que vai insistir nas investigações de escândalos envolvendo o governo federal, como é o caso da Petrobras.
Os líderes oposicionistas chamaram atenção para o resultado apertado das urnas, que indica uma divisão do País. Para o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), isso aumenta a responsabilidade dos partidos contrários ao governo. Ele afirmou que vai insistir nas investigações de escândalos envolvendo o governo federal, como é o caso da Petrobras.
“Haverá
tumulto político geral tendo em vista esse quadro de contaminação do governo
com os escândalos da Petrobras. A comissão parlamentar de inquérito terá de ser
retomada na próxima legislatura, inclusive com possíveis processos de quebra de
decoro parlamentar contra parlamentares envolvidos”, disse o líder
oposicionista.
A CPMI
da Petrobras tem funcionamento garantido até 23 de novembro. Para continuar as
investigações, será necessário um novo pedido de investigação, com o apoio de
1/3 da Câmara e 1/3 do Senado.
Os
partidos que estavam na chapa de Aécio Neves (PSDB, PMN, SD, DEM, PEN, PTN,
PTB, PTC e PTdoB) elegeram 130 deputados. O PSDB será o maior partido de
oposição, com 54 deputados – 10 a mais do que a bancada atual.
PPS e
PSB, que apoiaram a candidata Marina Silva, negociam uma fusão entre as duas
legendas. Juntos, os dois partidos teriam 44 representantes na Câmara. O líder
do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), ressaltou que o partido vai cobrar de Dilma
“tudo que foi prometido na campanha”. (Com a Agência Câmara).
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