terça-feira, 15 de abril de 2014

GRAÇA FOSTER ADMITE NO SENADO:
“PASADENA FOI UM MAU NEGÓCIO!” 
A presidenta da Petrobras, Graça Foster, reconheceu nesta terça-feira (15) que a compra pela estatal brasileira da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), foi um bom projeto no início, mas que se transformou em um projeto de baixa possibilidade de retorno. "Hoje, olhando aqueles dados, não foi um bom negócio, não pode ser um bom negócio. Isso é inquestionável do ponto de vista contábil."
Segundo ela, o prejuízo para a Petrobras com aquisição da refinaria foi US$ 530 milhões. A avaliação foi feita em audiência pública que acontece nas comissões de Assuntos Econômicos e na de Fiscalização e Controle do Senado, onde Graça foi convidada para falar sobre as denúncias de irregularidades na estatal, como a compra da refinaria. Para uma comissão lotada de jornalistas, parlamentares da base aliada ao governo e de oposição, Graça Foster esclareceu ainda que o custo total da transação foi de US$ 1,25 bilhões.
A executiva admitiu que em fevereiro de 2006 houve falhas por parte da direção da área internacional da empresa, cargo ocupado por Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal na operação “Lava Jato”, cuja prisão provocou um grande constrangimento na direção da estatal. Ainda segundo Graça Foster, ao apresentar o projeto ao Conselho de Administração da estatal, presidido por Dilma Rousseff, que autorizou a compra de 50% da refinaria, Paulo Roberto Costa excluiu dois pontos importantes do negócio.
“Em nenhum momento no resumo executivo, na apresentação de PowerPoint feita pela direção da área internacional à época (Paulo Roberto Costa) foram citadas duas condições muito importantes: não se falou da Cláusula de Put Option no resumo executivo, nem na apresentação de PowerPoint e também não se falou da Cláusula de Marlim”, admitiu.
Para Graça Foster, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a compra de 50% de uma refinaria e não houve, nesses dois documentos, nenhuma citação à intenção e à obrigatoriedade de compra dos 50% remanescentes. “Esse foi o trabalho feito. Um resumo executivo, sem citação dessas duas cláusulas contratuais completamente importantes. O valor autorizado pelo Conselho de Administração foi US$ 359.285.714,30. Essa foi tão somente a aprovação feita”, ressaltou.
Responsabilizando a área internacional da empresa pela falha, Graça Foster afirmou que, quando uma apresentação de resumo executivo é feita ao Conselho de Administração, o documento deve conter todas as informações necessárias para a devida avaliação do que se pretende fazer. “Além disso, é obrigação de quem leva para a diretoria apontar os pontos fracos e frágeis da operação. Não há operação 100% segura. Não existe isso, imagino, em nenhuma atividade comercial e, certamente, não existe na indústria de petróleo e gás”, destacou.
Desde que vieram à tona as denúncias de que houve superfaturamento na compra da refinaria pela estatal brasileira, esta é a primeira vez que uma autoridade do governo vem oficialmente ao Congresso falar sobre o assunto.

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